02 novembro 2006

Dia de feira

Levantei hoje quando cansei de dormir. Coloquei roupa na máquina, tomei café da manhã, lavei louça, ou seja, fiz aquelas coisinhas domésticas das quais uma dona de casa não escapa nem no feriado. Então cheguei na janela do quarto, vi o vendedor de ervas na esquina e aí falei: "Hoje é dia de feira. Oba!"

Existem pouco programas tão divertidos quanto ir à feira, mas infelizmente a feira na minha rua acontece nas quintas, por isso raramente desfruto desse prazer.

Aproveitando o feriado, troquei de roupa, peguei algum dinheiro e o carrinho, e lá fui eu (calçando havaianas, claro).

Não importa onde seja, feira livre é sempre igual, só os preços variam. Os feirantes são, em grande parte, portugueses. Nas extremidades da feira ficam as barracas de frango e os caminhões de peixes. Aqueles senhores idosos que vendem limões são presença garantida. Pedaços de legumes e verduras sempre ficam pelo chão. Os toldos das barracas são listrados de vermelho!

O universo de estereótipos humanos é fantástico. Isso somado à oportunidade de comprar frutas e legumes fresquinhos e com bom preço, fazem da feira livre um parque de diversões. A feira é um local em que é impossível não se sentir em casa. Em primeiro lugar porque você sempre encontra os vizinhos, que normalmente só são vistos no elevador, e troca cumprimentos; em segundo lugar porque os feirantes são sempre simpáticos, te chamam de freguesa e cumprimentam efusivamente quando você para na barraca. Além disso, em qual supermercado o atendente pergunta como você quer o filé de frango, fino ou grosso? Nenhum!

Faz parte do ritual da feira livre passar por todas as barracas comparando mentalmente os preços. Duvido que alguém consiga realmente ter memorizado, ao chegar no fim da rua, que na segunda barraca de frutas, em frente à casa marrom, a banana prata tá mais em conta. Ainda assim, não se pode chegar e ir logo comprando. Você precisa dar uma olhada geral.

Fiz bons negócios hoje. Comprei uma caixa de morangos por R$ 0,99, uma porção de jabuticabas por R$ 0,70, uma dúzia de bananas mais uma de brinde por R$ 1,50, entre outras coisas. O peixe que não estava barato: filé de robalo a R$ 14,00! Comprei só meio quilo pra fazer no almoço.

Tudo muito divertido, mas a melhor parte fica para o final do passeio: a barraca de pastéis e caldo de cana! Você pode nem estar com fome, eu não estava, mas não pode ir embora sem comer um pastel e beber caldo de cana. Se parassem pra pensar, as pessoas não comeriam aquilo. Na placa está anunciada uma variedade de quase 10 sabores, mas na maioria das vezes, apenas carne e queijo estão sendo servidos. O cara que deveria apenas receber o dinheiro, desejando ajudar a moça que frita e atender mais rapidamente os clientes, pega pastéis crús para colocar no óleo com as mesmas mãos com que pegou cédulas e moedas. O óleo está sendo usado há não sei quantos dias. A máquina que moe cana jamais deve ter sido limpa com água e sabão. Mas acho que é esse conjunto de condições insalubres que dá aquele gostinho especial! E a raspinha então, que beleza (raspinha, pra quem não sabe, é aquele pedacinho de massa, sem recheio, que sobra após o fechamento do pastel, e que é frito e servido junto com o pastel, de brinde)!

Compras feitas, pastel de queijo embrulhado pra viagem para o maridão, fui pra casa puxando meu carrinho, feliz da vida.

4 Comments:

Blogger mel said...

hehehehe.. eu nem gosto de imaginar como as coisas que a gente come na rua são feitas... senão a gente endoida! Mas se eu visse isso, não ia comer não, huhuuhuhe!

Pior que aqui a feira é só domingo, no centro e lota de pivete e turista e tudo!... claro que tem feiras de bairro de vez em quando, mas aqui onde moro nem tem! mas que é gostoso é!


ps: putz, que morango barato!!!!

2/11/06 23:05  
Blogger R. S. Diniz said...

Hum... acho que isso deve ser coisa de mulher mesmo, porque eu não vejo a menor graça em feira! XD

Me lembro de uma vez que várias pessoas que comeram pastel ficaram com doença de chagas. Aquele inseto que passa a doença, o barbeiiro, foi moído junto com a cana. Nojento, né? Cuidado com o caldo de cana...

E só pra encerrar, já que já to no clima: recentemente descobri que o frango assado do mercado perto da minha casa era lavado com água sanitária. Bizarro, né?

Cuidado com o frango assado de qualquer lugar...

5/11/06 15:38  
Blogger mel said...

Hehehee.. Concordo com o Lanark, eu sou muito fresca com comida, ainda mais se ela não foi feita no conforto da minha casa, hehehe...

Nossa, eu adoro ir ao supermercado! Vou adorar ainda mais quando eu tiver a minha casa, eu tenho certeza! Acho mágico comprar as coisas, escolher, levar o mais barato, mas da marca boa...
Tomara que seu marido possa voltar a esse maravilhoso hábito, heheheheeheh!

6/11/06 18:10  
Anonymous Anônimo said...

Nossa, amaria ter toda essa animação para a feira como vc tem. Aqui perto de casa, a feira acontece aos domingos...e quando o domingo vem chegando...eu começo a tremer, pois sei que terei que ir lá.

7/11/06 23:50  

Postar um comentário

<< Home

Loading...