08 janeiro 2007

Profissão repórter



Antes de começar a contar minhas aventuras em Paraty, escreverei sobre o que vi ontem: uma batida de carro.

Na verdade não "vi" a batida. Estava em casa aproveitando minhas últimas horas de férias com um cochilo no sofá depois do almoço, quando acordei com um barulhão, seguido dos latidos dos cachorros. Meu marido correu na sala pra contar que havia ocorrido um acidente, mas da janela só vimos pedaços de veículos pela rua. Quando os carros do Corpo de Bombeiros chegaram, minha curiosidade me fez descer pra ver o que havia ocorrido.

Saí de casa com vergonha do meu voyerismo, mas já no elevador encontrei um vizinho descendo com o mesmo objetivo. No local do acidente, esse aí na foto, havia mais um monte de voyers, o que me fez sentir menos culpada por querer ver a desgraça dos outros. Só para que os leitores não fiquem preocupados, embora 7 veículos tenham sido envolvidos, houve uma única vítima, o motorista do táxi, que passou mal ao volante e, com a batida, se machucou, mas saiu vivo do carro e consciente.

Voltando aos voyers, encontrei vários: vizinhos do prédio, colegas do curso de inglês, conhecidos da vizinhança. Num dado momento, até o porteiro do meu prédio abandonou o posto pra dar uma espiadinha. Nos edifícios em frente, as pessoas chegaram a colocar cadeiras na varanda pra assistir de camarote. Não me isentando de culpa, claro, não pude deixar de pensar como as pessoas adoram ver acontecimentos trágicos. Houve uma época em que era "moda" na minha vizinhança aparecer carro de som sábado pela manhã, tocando o Parabéns da Xuxa, contratado para homenagear algum aniversariante. As pessoas colocavam a cabeça pra fora da janela e ao constatarem que era só um aniversário, voltavam aos seus afazeres. Ninguém parava pra assistir a alegria dos outros. Mas na hora da desgraça, teve mulher que apareceu até com a barriga molhada porque parou de lavar a louça correndo pra ver o acidente.

A natureza do ser humano é mesmo muito estranha...


3 Comments:

Blogger mel said...

hehhee. Eu detesto essa mania de ficar assistindo acidente! É assim mesmo, todo mundo pára o que estiver fazendo e vai ver! Aqui na rua acontecem muitos acidentes, então é direto ver essas aglomerações. Sei lá, o povo nem pra chamar uma ambulância, eles ficam lá vendo. Acho um desrespeito! Uma coisa é olhar, ver o que aconteceu, ver o que se pode fazer,outra coisa é ficar lá assistindo... Aí não! :)

8/1/07 20:55  
Blogger R. S. Diniz said...

Nossa, sentar com cadeiras pra ficar olhando foi o cúmulo!

Eu tenho uma aversão tão grande a esse tipo de vouyerismo que eu faço questão de não olhar e agir como se nada tivesse acontecido.


*É, acho que eu vou tentar me aproximar sim... deixa só ela entrar no judo de novo ano que vem... =)

8/1/07 22:48  
Anonymous Anônimo said...

Oi Pumpkim, esquisito mesmo né?
Talvez eu não descesse, mas que ficaria na janela ficaria... Adoraria morar em prédios para poder espiar a vontade! Vai entender cabeça de "gente"...

No mais, aguardo mais posts de Paraty, adoraria conhecer este pedacinho de paraíso.

Um grande beijo em você e beijocas nos filhotes!

9/1/07 12:37  

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