16 setembro 2007

Passado nem tão distante assim

Antes de guiar minha vida pelos caminhos da advocacia, estudei Educação Artística na UERJ. Isso foi nos idos da década de 80, mais precisamente entre os anos de 1987 e 1990, quando me formei.

Tinha uma turma de amigos bem boa naquela época. Uns mais próximos que outros, claro, mas todos amigos.

No entanto, depois que terminei o curso, nunca mais os vi. Já me perguntei vária vezes porque, mas a única resposta que acho é aquela lacônica, que serve para muitas perguntas: foi a vida...

Mas isso mudou ontem. No início do ano, num domingo, uma das amigas da turma me telefonou. Conseguiu o número com a minha mãe, que tem o mesmo telefone até hoje. Foi uma surpresa e tanto! Falou que estava tentando reunir o pessoal, que estava planejando um encontro em maio ou junho. Achei ótimo e garanti presença. O encontro só aconteceu ontem.

Marcaram no café do Jardim Botânico (lugar muito agradável, por sinal), às 14 horas. Só pude fechar o pet shop às 15 horas (deixei de atender clientes para banho para não chegar ainda mais atrasada no encontro), e saí dirigindo o mais rápido possível, em direção ao Jardim Botânico. Quase tive um troço quando entrei no Rebouças e o trânsito parou! Ficava ansiosa a cada sinal fechado, parecia uma criança aguardando para ganhar um presente muito desejado.

Caminhei nervosa do carro até o café, imaginando se seria difícil reconhecer as pessoas. Pensei: "mesmo que todos estejam muito diferentes, não será difícil encontrá-los porque será um grupo grande". E foi um alívio quando escutei aquela frase "olha a Rachel ali!".

Fui reconhecida e reconheci todo mundo sem problema. Troquei o nome de um amigo, mas usei a idade avançada como desculpa para a gafe. Fiz questão de cumprimentar um por um com toda calma, e não pude evitar chamar de "fessora" a nossa antiga professora de história, que foi paraninfa da turma.

Não tinha idéia de como sentia saudades de todas aquelas pessoas, até mesmo daquelas que não eram muito próximas. Era uma saudade de quase 20 anos, mas por incrível que pareça, a intimidade era a mesma. A sensação era de que apenas uns meses haviam se passado. Não parecia que os tinha visto pela última vez há tanto tempo. Me senti completamente à vontade e me senti menina, como há 20 anos.

Eu tinha só 16 quando comecei aquela faculdade. Claro que naquela época, me achava uma mulher madura, mas no fundo era só uma menina boba. Boba mas que sabia se divertir. Hoje posso ser mais sábia, mas naquela época era mais divertida, porque era inconseqüente. Ser inconseqüente hoje, com tantas contas pra pagar, é completamente impensável.

Há 20 anos, eu era capaz de escrever uma monografia sobre arte moderna, mas não seria capaz de escrever algo tão profundo e revelador sobre mim mesma. Por hoje chega de revelações.

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