
Meu domingo hoje foi do tipo "família suburbana".
Espero que ninguém se ofenda com o termo e entenda que não é revestido de preconceito, apenas de constatação.
Os cariocas sabem que existe uma espécie de rixa entre quem mora na zona sul e quem mora na zona norte. Não é nada agressivo ou grave, mas existe.
Também é fato que o modo de vida difere entre as duas regiões. Embora tenha sido criada na zona sul, transitei bem entre os dois mundos durante infância e adolescência, porque tinha primos morando na zona norte, sempre os visitava e algumas vezes ficava para passar uma semana durante as férias. Cresci em apartamento, mas experimentei a sensação de viver em casa, conhecer os vizinhos e colocar cadeiras na porta pra bater papo, coisas típicas da zona norte, do subúrbio. Pra quem não sabe exatamente do que estou falando, o melhor meio de entender o modo de vida suburbano é assistindo
A Grande FamíliaEntretanto, sendo moradora da zona sul, não poderia deixar de tomar partido na rixa zona sul x zona norte. Tudo muito bem, até que os caminhos da vida me trouxeram para a Tijuca (que só poderia ficar na zona norte). No começo não gostei, porque estava acostumada ao movimento caótico e frenético das pessoas e do comércio no outro lado da cidade. Com o tempo, me conformei, me acostumei e depois passei a gostar. Gostei tanto que quando surgiu a oportunidade de comprarmos, eu e meu marido, um apartamento financiado, adivinhem o bairro escolhido? Não mudamos nem de prédio, só de andar!
Adoro a nossa rua. Tem edifícios de apartamentos, mas também muitas casas. Os vizinhos são simpáticos, a gente conhece o dono da banca de jornal, o dono da casa de balas na esquina, os cachorros da vizinhança. E no fim da rua, o pessoal coloca cadeiras na porta pra conversar!
Ainda assim, sempre mantive uma crítica à zona norte: faltam áreas de lazer. Não existem parques e o único lugar pra correr ou andar de bicicleta é em volta do
Maracanã, cercado de carros despejando poluição no ar e quase sem árvores. Por isso sempre levo meus cães no domingo para passear na
Lagoa. Hoje, no entanto, achei melhor não leva-los longe em virtude da instabilidade do tempo. Como eles precisavam passear, meu marido sugeriu uma praça próxima de casa, conhecida como a
Praça dos Cavalinhos. Já havia estado lá antes, mas apenas para almoçar num restaurante que faz um bacalhau divino. Nunca tinha ido à praça em si. E lá fomos nós: eu, os cães, meu marido e minha enteada.
Típico programa de família suburbana. A praça tem um enorme chafariz, brinquedos tradicionais e brinquedos de aluguel, como cama elástica, velocípedes elétricos, etc. O ponto mais marcante, e que confere o famoso apelido ao local são os cavalos e pôneis para aluguel. Havia um monte de crianças desfrutando de todas as opções de lazer, acompanhadas por pais e avós, aproveitando para consumir, à moda antiga, pipoca, algodão-doce e sacolé. Avistei até mesmo uma família fazendo piquenique! Os cães adoraram tomar água de coco e dar uma cheiradinha nos cavalos.
Quando a fome apertou, fomos para o próximo programa família suburbana do dia: almoço na padaria, com direito a macarrão, frango assado e coca-cola de 1 litro.
Eu mal pude acreditar em quão suburbana estava!
Foi ótimo poder fazer coisas que muitas vezes critiquei, mas que no fundo acho uma delícia.
Para fechar o post sobre o estilo de vida suburbano, deixo uma indicação de um blog que já me proporcionou muita risada:
Suburbia Tales.